segunda-feira, 21 de março de 2011

quinta-feira, 17 de março de 2011

quarta-feira, 16 de março de 2011

Biotecnologia no Diagnóstico e na Terapêutica de doenças

A biotecnologia é uma área do conhecimento que, de uma forma genérica, pode ser considerada como resultante da reunião entre a engenharia e as ciências da vida, de forma a manipular os seres vivos ou os seuscomponentes, no sentido de obter produtos úteis. Desta forma, a biotecnologia constitui um dos exponentes da integração entre ciência e tecnologia.

Nos últimos anos, a Biotecnologia tornou-se numa das promissoraa áreas cientifico-tecnológicas, capz de ter aplicações no melhoramento de problemas das mais diversas áreas como a do ambiente, a da saúde e a da produção de alimentos. O sucesso da Biotecnologia não é certamente alheio ao avanço de áreas cientificas, como a Biologia, a Bioquimica, a Genética, a Imunologia e os Bioprocessos.
Esta área cientifico-tecnológica tem contribuído para o diagnóstico e a terapêutica de doenças. Neste contexto, os processos biotecnológicos encontram um importante pilar na imunologia, e de forma particular, na produção de anticorpos.

(Ver publicações anteriores para perceber os anticorpos)


Anticorpos policlonais – conjunto de anticorpos com diferentes especificidades, produzidos em resposta a um contacto com outro antigénio.

Anticorpos monoclonais – anticorpos produzidos em laboratório com elevada especificidade para um determinado antigénio.






Obtenção de anticorpos monoclonais em laboratório:



Algumas aplicações dos anticorpos monoclonais:

- Diagnósticos de doenças ou condições clínicas;








- Imunização passiva;









- Tratamento do cancro;












- Enxertos e transplantes;










- Antídotos para venenos e drogas.








Bioconservação – consiste na transformação de um determinado composto noutro composto estruturalmente relacionado e, com valor comercial, por células ou microrganismos.
Produtos obtidos por bioconservação:
- Antibióticos
- Esteroides
- Vitaminas
- Vacinas
- Proteínas humanas

sábado, 12 de março de 2011

Imunodeficiências


O sistema imunológico actua para proteger o organismo de infecções. Essas infecções podem ser causadas por vários agentes, incluindo bactérias, vírus, fungos e parasitas. O sistema imunitário utiliza os linfócitos (ou outro tipo de glóbulos brancos do sangue) e as imunoglobulinas (ou anticorpos) para combater esses invasores externos.
As imunodeficiências podem ser de natureza congénita ou adquirida.

1.Imunodeficiência congénita
A desordem mais séria do sistema imunitário é aquela em que os indivíduos não possuem linfócitos B nem linfócitos T.
Pessoas com este tipo de imunodeficiência, têm dificuldade em combater as infecções devido à produção inadequada de anticorpos, ou seja, possuem um funcionamento anormal da medula óssea.
Um enxerto de medula óssea compatível pode ser um tratamento eficaz.
Existem outras deficiências congénitas menos graves.
Imunodeficiência congénita ou inata:- Esta doença tanto afecta a resposta humoral como a resposta mediada por células;
- Resulta de deficiências genéticas que se manifestam durante o desenvolvimento embrionário.

Qual a sua origem e as suas consequências?
Esta incapacidade do sistema imunitário responder aos agentes patogénicos resulta das malformações do timo, surgindo como consequência a deficiente produção de linfócitos B, que se traduz numa maior sensibilidade a infecções exteriores e na falta de linfócitos T, que se traduz numa maior sensibilidade a agentes infecciosos intracelulares (vírus e cancros), o que torna os doentes extremamente vulneráveis aos antigénios.

A mais grave Imunodeficiência inata:
A mais grave das imunodeficiências toma pelo nome de Imunodeficiência grave combinada (SCID). Esta doença caracteriza-se pela ausência de linfócitos B e T. Os doentes que sofrem desta doença são extremamente vulneráveis e apenas sobrevivem em ambientes completamente estéreis.

Tratamentos possíveis:
- Transplante de medula;
- Terapia génica (consiste na substituição de um gene defeituoso por um funcional).

2. Imunodeficiência adquiridaO caso mais paradigmático, na actualidade, é o da sida.
A Síndrome de ImunoDeficiência Adquirida, é uma doença viral causada pelo vírus HIV, da família dos retrovírus, que afecta o sistema imunitário.
O alvo principal são os linfócitos T, fundamentais para a coordenação das defesas do organismo. Assim que o número destes linfócitos desce abaixo de um certo nível; o colapso do sistema imunitário é possível, abrindo caminho a doenças oportunistas que podem matar o doente. Além disso, o vírus da sida causa numerosos danos por si só.



Como se transmite o HIV?
- Relação sexual (vaginal, anal e oral) ou por contacto com sangue infectado, sémen ou fluídos cervicais e vaginais. Este é o meio de transmissão mais frequente em todo o mundo e o vírus HIV pode ser transmitido através de uma pessoa infectada para o seu parceiro ou para a sua parceira. (homem para mulher, mulher para homem, homem para homem, e menos provável mulher para mulher);
- Transfusões de sangue ou derivados (obtidos através de doador infectado pelo HIV);
- Agulhas, seringas ou instrumentos perfurantes contaminados pelo HIV;
- Transmissão materna de HIV/SIDA pode ocorrer durante a gravidez, parto e aleitamento materno.

O HIV NÃO pode ser transmitido através de:
- Tosse ou espirro;
- Mordidas de insectos;
- Toque e abraço;
- Água ou comida;
- Beijo;
- Banhos públicos;
- Apertos de mão;
- Contacto no trabalho ou escola;
- Uso de banheiros;
- Uso de telefones;
- Piscinas;
- Uso de copos, xícaras, pratos ou outros utensílios.


Quais são os sintomas de infecção pelo HIV?
A maior parte das pessoas não têm sintomas quando ficam infectadas pelo HIV. Algumas pessoas contudo têm sintomas tipo gripe cerca de um a dois meses após a exposição ao vírus. Os sintomas podem ser:
- Febre;
- Dores de cabeça;
- Cansaço;
- Aumento dos glânglios linfáticos (gânglios do sistema imunitário facilmente palpáveis no pescoço e nas virilhas).
Estes sintomas, em geral, desaparecem dentro de uma semana a um mês e são muitas vezes confundidos com outras infecções virais. Durante este período, as pessoas são bastante infectantes e apresentam o HIV em grandes quantidades nos fluídos genitais.

Como é diagnosticada a infecção pelo HIV?
Dado que a infecção pelo HIV não causa em geral sintomas um medico pode fazer o diagnóstico pela pesquisa de anticorpos contra o HIV no sangue da pessoas que se quer testar. Os anticorpos HIV em geral não atingem níveis detectáveis no sangue entre um a três meses a seguir à infecção. Pode ser preciso até seis meses para haver anticorpos em quantidade suficiente para serem detectáveis pelos testes de sangue mais usados.
As pessoas expostas ao vírus devem fazer um teste o mais precocemente possível, entre os 6 e os 12 meses após a exposição ao vírus. Fazendo os testes as pessoas com infecção pelo HIV podem falar com o seu médico quando será necessário iniciar tratamento no sentido de ajudar o seu sistema imune a combater o HIV e ajudá-lo a prevenir certas doenças oportunistas.

Como pode ser tratada a infecção pelo HIV?
Os médicos podem prescrever inibidores não nucleosídeos da transcriptase reversa em combinação com outros fármacos antiretrovirais.
Estes medicamentos chamados inibidores das proteases interrompem a replicação dos vírus numa parte mais avançada do ciclo.
Dado que o HIV se pode tornar resistente a alguns destes fármacos os médicos têm que usar uma combinação deles para que efectivamente o vírus seja suprimido. Quando os inibidores da transcriptase reversa e os inibidores das proteases são usados em conjunto diz-se que é uma terapêutica antiretroviral altamente activa que pode ser usada em doentes com o vírus do HIV.

Como pode ser prevenida a infecção pelo HIV?
Dado que não há vacina para o HIV a única forma de prevenção, da infecção pelo vírus, é evitar comportamentos de risco, tais como a troca de seringas e o sexo não protegido.
Aqui fica uma sugestão requintada:

terça-feira, 8 de março de 2011

Doenças auto-imunes

Este tipo de doenças ocorre quando o sistema imunitário se torna hipersensível a antigénios específicos das suas próprias células ou tecido, isto é, não reconhece as moléculas do próprio organismo como antigénios.
Recordemos que, durante o processo de maturação dos linfócitos, são eliminados aqueles que possuem receptores capazes de interpretar como estranho o que é próprio do organismo. Durante muito tempo, admitiu-se que a causa desta auto-imunidade estaria nalguma falha na destruição destes linfócitos. Contudo, actualmente, sabe-se que mesmo em indiduos saudáveis é possivel encontrar alguns linfócitos sensiveis para o que é próprio do organismo. No entanto, estes linfócitos não desenvolvem uma resposta auto-imune porque existem mecanismos reguladores que os bloqueiam.
Assim, admite-se que diversas causas podem levar a que a tolerância ao que é próprio seja quebrada e o sistema imunitário inicie uma resposta auto-imune, que pode ser mediada por anticorpos ou por células.



Quais os tipos de doenças auto-imunes (alguns):
Esclerose múltipla- Doença crónica do sistema nervoso. Esta patologia resulta da destruidora acção que alguns linfócitos T exercem sobre a mielina dos neurónios do sistema nervoso central.



Artrite reumatóide-
Caracteriza-se por inflamações extensas e dolorosas das articulações (cartilagens articulares), que causam a sua deformação.



Lúpus- Esta doença caracteriza-se pela produção de anticorpos por parte dos sistema imunitário, que actuam contra vários tipos de moléculas do próprio organismo, incluindo histonas e DNA.



Diabetes insulino-dependente- Resulta da destruição das células pancreáticas responsáveis pela produção de insulina.

sábado, 5 de março de 2011

Desequilibrios e Doenças do Sistema Imunitário (Parte II)

Concluindo:

As alergias são respostas exageradas a determinados antigénios do meio ambiente designados alergénios, resultantes de uma hipersensibilidade do sistema imunitário relativamente a alguns elementos, como o pólen, os ácaros, partículas de pêlos e penas, pó, algumas substências químicas e alimentares, venenos de insectos e, por vezes, algumas substâncias terapêuticas, como vacinas e antibióticos.
O primeiro contacto com o alergénio não produz, geralmente, sinais ou sintomas. No entanto, os linfócitos B diferenciam-se em plasmócitos, produzindo anticorpos Ig E, especificos para esse antigénio. Alguns destes anticorpos ligam-se a células, como mastócitos e os basófilos, que ficam assim sensibilizados para esse antigénio.
Se ocorrer uma nova exposição ao alergénio, este entra em contacto com os mastócitos e basófilos sensibilizados, que libertam histamina e outras substâncias inflamatórias, verificando-se quimiotaxia, vasodilatação, aumento da permeabilidade dos capilares, edema e, por vezes, dor.



Alguns tipos de alergia não resultam da produção de anticorpos, sendo antes uma hipersensibilidade mediada por células. Frequentemente, este tipo de reacção alérgica está associada ao contacto directo e repetido com determinadas substâncias, como, por exemplo, alguns metais, o formaldeído, a lixívia, o látex, cosméticos e medicamentos de aplicação tópica, etc. e traduzem-se pelo surgimento de eczemas, granulomas e lesões cutâneas.

Se a reacção alérgica ocorrer, por exemplo, nas vias respiratórias, pode verificar-se uma constrição dessa vias, dificultando a ventilação pulmonar, como acontece com algumas formas de asma.

Por vezes, a reacção alergica é de tal forma severa que resulta num choque anafilático. Nesta situação, verifica-se um rápido aumento da dilatação e da permeabilidade dos vasos sanguineos, levando a uma queda brusca da pressão arterial, podendo comprometer a vida. As picadas de alguns insectos são, por vezes, a causa das reacções anafiláticas em individuos sensibilizados para o veneno desses insectos.

O processo de sensibilização a um determinado alergénio não ocorre em todos os individuos. Alguns individuos vão sensibilizando progressivamente, à medida que têm vàrios contactos com o alergénio. Outros, porém, nunca desenvolvem mecanismos de hipersensibilidade para esse alergénio. A razão para estas diferenças ainda não é completamente compreendida.
Na tentativa de encontrar os alergénios responsáveis pelas reacções alérgicas que alguns individuos desenvolvem, procede-se a testes clinicos. Uma série de possiveis alergénios são inoculados na região subcutânea. Se o individuo for hipersensivel, desenvolve-se uma inflamação nessa zona, visivel através do inchaço/induração e da ruborização.

quinta-feira, 3 de março de 2011

Desequilibrios e Doenças do Sistema Imunitário (parte I)

As respostas imunitárias visam a protecção do organismo. Contudo, por vezes, o delicado equilibrio que envolve os mecanismos de regulação do funcionamento do sistema imunitário é rompido, surgindo doenças imunitárias.
Essas doenças podem traduzir-se por reacções demasiado violentas, resultantes de uma hipersensibilidade do sistema imunitário ou por respostas insuficientes, genericamente designadas imunodeficiências.


Alergias


As alergias representam um estado de hipersensibilidade mediado por mecanismos imunológicos. São uma resposta anormal de defesa do organismo diante da presença de agentes estranhos (alérgenos) que normalmente não afectam a maioria das pessoas.
Estas reacções são provocadas pelos mastócitos (fig.1), células que contêm grânulos de heparina (acção anticoagulante) e histamina (provoca reacções alérgicas). Os indivíduos com predisposição hereditária acabam por produzir anticorpos em maior quantidade de uma classe especial, chamada Imunoglobulina E (IgE), que se fixam às membranas dos mastócitos. Caso entrem em contacto com os seus antigénios (alérgenos) específicos, promovem a libertação do conteúdo celular para o meio extracelular, desencadeando processos alérgicos. Os pacientes alérgicos apresentam uma elevada concentração de IgE e de eosinófilos.


Fig.1 - Mastócitos (a roxo) libertam histaminas quando em contacto com os alérgenos (bolas amarelas)
Os órgãos mais comummente afectados são a pele, os olhos, os ouvidos e os tractos respiratório e gastrointestinal.


Principais Alérgenos:

Ácaros do pó da casa (fig.2)
Pólen (fig.3)
Alguns alimentos
Picadas de insectos


Fig.2 - Ácaro

Ácaros
Estes aracnídeos são muito pequenos e vivem no pó da casa. Num grama de pó, podem viver 20 000 ácaros. O seu habitat ideal é quente e húmido o que torna a cama um lugar privilegiado para a existência destes animais.

Principais Sintomas:
Espirros frequentes
Obstrução das vias respiratórias
Ataques de asma
Reacções cutâneas

Principais Factores:
-Genéticos
-Ambientais

O que se pode fazer?
Arejar a casa diariamente.
Evitar alcatifas, carpetes e ter cuidado até com os cortinados.
Lavar a roupa da cama com água muito quente.
Evitar ter peluches nos quartos.
Usar aspirador em vez da vassoura.
Comprar um produto anti-ácaros.


Noticias:
Nanopartícula combate alergia respiratória


Da redação09/11/2004
A empresa japonesa Lion Corp., fabricante de medicamentos e produtos de higiene, anunciou o desenvolvimento de uma nanopartícula, medindo cerca de 10 nanômetros de diâmetro, capaz de aliviar os sintomas das reações alérgicas ao pólen.
O produto, batizado de HitecSilica, é recoberto com um filme inorgânico à base de óxido de silício, ou sílica. Quando a sílica atinge a superfície do grão de pólen, o óxido quebra a estrutura da superfície da partícula de pólen. Segundo a empresa, suas pesquisas mostraram que a quebra de sua superfície evita que o pólen libere os alergenos que causam os espirros.
A empresa também desenvolveu um spray para roupas, utilizando sua nova tecnologia. A HitecSilica está em fase de aprovação pelas autoridades médicas do Japão. A empresa não anunciou que o produto deverá chegar ao mercado.

Noticias:
Biotecnologia ajuda a reduzir alergias alimentares

O biólogo Victor Augustus Marin, pesquisador do setor de Biologia Molecular da Fundação Oswaldo Cruz - Fiocruz, estuda as possibilidades de utilizar a Biotecnologia para retirar dos alimentos os compostos causadores de alergias. "No mundo, cerca de 2% da população adulta é alérgica a algum tipo de alimento e, nas crianças, esse percentual chega a 8%", afirma Marin. "E a Biotecnologia moderna poderá oferecer a oportunidade de diminuir, ou mesmo de eliminar, os compostos que provocam essas alergias", completa. Veja a seguir a entrevista com o pesquisador Marin em que ele explica, entre outros temas, como a Engenharia Genética pode ajudar a reduzir a alergia causada por alimentos como a soja e o trigo.
· Terra: Quais são os alimentos que mais causam alergia?
· Marin: Leite, ovos, amendoim, castanhas, peixe, crustáceos, soja, trigo, entre outros. Entretanto, essa lista foi elaborada pelo Codex Alimentarius em 1999, sendo que as alergias alimentares podem ser causadas por uma ampla variedade de alimentos, em torno de 160.
· Terra: Como a Biotecnologia pode contribuir para a redução das alergias alimentares?
· Marin: A Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece que a Biotecnologia moderna poderá oferecer a oportunidade de diminuir, ou mesmo de eliminar, os compostos que provocam alergias. Existem várias pesquisas que visam a eliminação da alergia causada pela ingestão do trigo, do leite, do amendoim e da soja.
· Terra: Como a OMS apóia a utilização da Engenharia Genética para eliminar os compostos que provocam alergias?
· Marin: Para os países em desenvolvimento, os produtos com benefícios na produção ou na saúde da população são sempre bem-vindos. De acordo com a OMS são necessários estudos com uma avaliação holística (quais são os benefícios à saúde, à nutrição, à segurança etc.). A OMS está desenvolvendo guias e princípios para a avaliação da segurança alimentar, reforçando os já existentes, e trabalhando para um maior fortalecimento entre os órgãos intergovernamentais. A entidade acredita também que são necessários mecanismos efetivos, tanto nacional como internacionalmente, para uma melhor análise do risco (a qual é composta pela avaliação do risco, manejo do risco e comunicação do risco), envolvendo consumidores e outras partes interessadas.
· Terra: Como se retiram dos alimentos os compostos causadores de alergias?
· Marin: Vamos dar como exemplo a soja. Em vários estudos, tem sido verificado que mais de 65% dos pacientes sensíveis à soja reagem somente a uma determinada proteína (Gly m Bd 30 K, também referida como P34). Em razão disso, pesquisadores do Donald Danforth Plant Science Center, da University of Arkansas for Medical Sciences, da Pioneer Hi-Bred International e da Du Pont Experimental Station obtiveram uma soja transgênica, inserindo o gene antisense da P34, ficando o mesmo silenciado na planta de soja, ou seja, não produzindo a proteína que causa alergia. Mas por enquanto, essa soja transgênica não é comercializada.
· Terra: Existem alimentos transgênicos que causam alergia?
· Marin: Os experimentos científicos mostram que os riscos que as plantas transgênicas podem ter em causar alergia ou qualquer outro problema a nós consumidores é o mesmo que as demais plantas obtidas através de outros métodos. No entanto, não significa que se devam liberar as plantas transgênicas no mercado sem a avaliação da segurança alimentar. Muito pelo contrário. Deve-se avaliar não só as plantas transgênicas, mas também as obtidas pela agricultura convencional e agricultura orgânica. Realmente, ocorreu um problema com uma soja transgênica da empresa Pionner, onde foi introduzido um gene que causava alergia em certas pessoas, porém, esse gene, oriundo da castanha-do-Brasil (antiga castanha-do-Pará), causa alergia se uma pessoa ingerir a soja transgênica ou a castanha-do-Brasil, ou seja, o erro foi querer utilizar um gene que codificava para uma proteína que era naturalmente alergênica. Hoje, para não acontecer isso e as empresas não perderem milhões de dólares em investimentos ou terem que fazer recalls, faz-se a análise das seqüências de aminoácidos e verifica-se a não-alergenicidade da proteína. Caso contrário, a utilização desse gene já é descartada no início da pesquisa.
· Terra: Os alimentos GM que não provocam alergias já são comercializados?
· Marin: Existem várias pesquisas, mas, que eu saiba, nenhum produto é comercializado.
· Terra: Quais outros problemas de saúde a Biotecnologia pode reduzir?
· Marin: A aplicação da moderna Biotecnologia pode apresentar novas oportunidades para a saúde humana. Os benefícios incluem alimentos com o conteúdo nutricional alterado (como o arroz com maior quantidade de vitamina A), a produção de plantas-vacina (como a alface que combate o vírus da hepatite B), a produção de biofarmacêuticos em plantas transgênicas (como a produção de uma proteína humana em milho para, depois de isolada, ser utilizada em cirurgias de transplante) e a diminuição do potencial alergênico das plantas.

Redação Terra