terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Imunidade celular

Um outro tipo de imunidade é a imunidade celular, que tal como o nome diz é uma imunidade mediada por células, onde actuam sobretudo os linfócitos T, que conseguem reconhecer os antigénios devido a marcadores que se encontram nas suas membranas. Este tipo de imunidade inicia-se quando os macrófagos, linfócitos ou células infectadas por vírus expõem os antigénios aos linfócitos T. A apresentação feita pelos macrófagos é efectuada da seguinte forma, eles fagocitam e digerem os antigénios, formando assim porções de moléculas com poder antigénico, que são inseridas nas suas membranas, por sua vez os linfócitos T devido às suas capacidades reconhecem-nas e actuam sobre elas.
Durante a resposta celular existe a intervenção de diversos tipos de linfócitos: os linfócitos T auxiliares, os linfócitos T citolíticos, os linfócitos T supressores, os linfócitos T memória e os linfócitos Natural Killer, que têm as seguintes funções:
Linfócitos T auxiliares, também conhecidos como linfócitos T helper (TH) têm como função reconhecerem os antigénios específicos que se encontram ligados a marcadores e segregam mensageiros químicos, como as citoquinas, que promovem a actividade celular dos fagócitos, linfócitos B e outros linfócitos T.

Linfócitos T citolíticos, ou citotóxicos (TC) têm a capacidade de reconhecer e destruir células infectadas ou cancerosas. Quando se encontram activos, estes linfócitos migram para o local da infecção ou para o timo, onde segregam substâncias que provocam a morte das células anormais e estranhas ao organismo.

Linfócitos T supressores (TS) têm como função ajudar a moderar ou a extinguir a resposta imunitária quando a infecção se encontra controlada. A acção dos linfócitos supressores é feita através de mensageiros químicos.

Linfócitos T memória (TM) encontram-se num estado inactivo durante bastante tempo, no entanto, quando ocorre um segundo contacto com um antigénio, respondem de forma imediata e eficaz.

Linfócitos Natural Killer (NK) têm uma especificidade reduzida e apresentam citotoxidade. Este tipo de linfócitos têm como função destruir células tumorais e células infectadas por determinados vírus.


As citocinas são hormonas que permitem às células comunicar entre si. São um sistema bastante complexo e com actuação eficaz. Existem vários tipos de citocinas, algumas mais importantes são:

IL – 1 – que são libertadas quando ocorre uma infecção. Estas citocinas são as responsáveis por os sintomas mais comuns quando surge uma doença, uma vez que estimulam o aparecimento de febre, tremores, calafrios e mal – estar, promovendo a inflamação e estimulando os linfócitos T a actuarem.
IL – 2 – tem como função promover a multiplicação dos linfócitos T e B.
IFN – alfa – actua como interferão. Esta citocina estimula a diminuição da produção de proteínas, aumentam as enzimas anti-virais e estimulam a activação dos linfócitos.
IFN – gama – promove a inflamação e activa os macrófagos e torna-os mais eficientes e ofensivos.
TNT – beta – tem como função activar os fagócitos e estimular a resposta citotóxica.
IL – 4 – estimula a produção linfócitos B e consequentemente de anticorpos.
IL – 5 – estimula a multiplicação e a diferenciação dos linfócitos B e a produção das imunoglobulinas IgA e IgE.

Os macrófagos, sendo células do sistema imunitário, também apresentam na superfície das suas membranas proteínas do complexo maior de histocompatibilidade (MHC), que podem funcionar como receptores que se ligam aos agentes patogénicos, e formam um complexo antigénio – MCHII, e é este complexo que é apresentado aos linfócitos T, que se tornam activos e se diferenciam nos linfócitos TH. Após a sua activação ocorre a estimulação da activação de outras células, como linfócitos B, fagócitos e dos restantes linfócitos T.
Da mesma forma, as células nucleadas, quando são infectadas por vírus ou se tornam cancerosas, podem também exibir um complexo antigénio - MHCI, que activa os linfócitos T e promove a sua diferenciação em linfócitos TC.
Assim, verifica-se que à medida que é efectuada a imunidade mediada por células, há uma constante activação, divisão e diferenciação dos linfócitos T noutros linfócitos, incluindo em linfócitos TS e TM. Este tipo de imunidade tem uma função muito importante no combate a agentes infecciosos e no reconhecimento e destruição de células cancerosas.
Este tipo de imunidade é também responsável pela rejeição do organismo quando são efectuados implantes de tecidos, como enxertos, e transplantes de órgãos. Verifica-se esta rejeição, porque os tecidos ou órgãos transplantados contêm antigénios na superfície das membranas celulares que são distintos dos que o indivíduo receptor possui. Assim, os tecidos e órgãos são encarados como corpos estranhos, levando o sistema imunitário a desenvolver uma resposta imunitária com o intuito de os eliminar, através da activação dos linfócitos T e das substâncias químicas produzidas pelos mesmos. Esta rejeição pode ser minimizada se o dador possuir uma identidade bioquímica bastante semelhante à do receptor. Para verificar esta afinidade ou semelhança bioquímica, faz-se uma comparação com os antigénios do complexo maior de histocompatibilidade. Para além dos termos de comparação, são também ministradas no indivíduo receptor, drogas que actuam sobre a resposta imunitária, levando à sua supressão, mas que têm efeitos negativos sobre o individuo, uma vez que o tornam mais vulnerável a infecções e ao desenvolvimento de certos tipos de cancro. Estas drogas estão a ser melhoradas pela comunidade científica, com o objectivo de as tornarem mais específicas, para inibirem apenas linfócitos que se encontrem envolvidos no processo de rejeição.

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