sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Imunidade humoral

Este tipo de imunidade está relacionado com a produção de anticorpos circulantes no sangue e na linfa, produzidos pelos linfócitos B, após estes terem reconhecido antigénios específicos e iniciado a sua função de protecção do organismo contra organismos estranhos. Existem diferentes tipos de antigénios, que podem ser moléculas da superfície de corpos patogénicos, ou podem também ser moléculas solúveis como toxinas.
Quando o organismo é invadido por corpos estranhos, apenas interagem, ou são identificados pelos linfócitos que possuam nas suas membranas receptores específicos para esses corpo estranho. De seguida, o receptor liga-se ao antigénio, activando-se os linfócitos com receptores específicos para aquele tipo de antigénio, devido à libertação de citocinas pelos linfócitos reguladores que estimulam os linfócitos B a multiplicarem-se, originando dois grupos de clones destas células:

Um dos grupos de clones dá origem às células efectoras, designadas plasmócitos. Estas células efectoras têm um período de vida reduzido, são possuidoras de um retículo endoplasmático bastante desenvolvido, que tem a capacidade de produzir anticorpos que actuam de forma muito específica sobre os antigénios, neutralizando-os. Os anticorpos são moléculas solúveis, por isso têm facilidade em se difundir no organismo por meio do sangue e da linfa.

O segundo grupo de clones origina células de memória, que apesar de não actuarem durante a resposta imunitária têm uma importante função, uma vez após a entrada de um antigénio no organismo, as células memória fixam as suas características e quando este volta a entrar no organismo as células memória reconhecem-no, activando mais rapidamente a resposta de eliminação dos mesmos. O cumprimento da função deve-se também ao facto destas células serem bastante duradouras, podendo mesmo viver durante décadas, uma que permite uma rápida e eficiente resposta quando um mesmo antigénio volte a entrar de novo no organismo.


Os anticorpos normalmente designados por imunoglobulinas, têm um elevado grau de especificidade que se encontra radicada na sua estrutura química, possuem a forma de um Y e são constituídas por quatro cadeias polipeptídicas ligadas por pontes de dissulfito, sendo duas cadeias longas denominadas cadeias pesadas (H – heavy), e as outras duas cadeias são curtas por isso são denominadas por cadeias leves (L – light).
As imunoglobulinas contêm uma região constante, pois contém uma sequência de aminoácidos que é bastante semelhante em todas elas, mesmo que sejam de espécies diferentes. Esta região interage com outros elementos do sistema imunitário e determina a classe a que pertence a imunoglobulina. Por sua vez, possui também uma região variável, que contém uma sequência de aminoácidos distinta e própria de cada imunoglobulina. Esta região encontra-se na porção da extremidade das cadeias leves e pesadas. É a sequência de aminoácidos da região variável que confere especificidade à imunoglobulina. Para além disso, determina a complementaridade entre o anticorpo e o antigénio, caso estes sejam complementares, estabelece-se ligações de união entre eles através de pontes de hidrogénio e forças electrostáticas. Como o anticorpo tem forma de Y, possui duas regiões variáveis, logo, possui também dois locais de ligação com antigénios.



O Homem possui cinco classes de imunoglobulinas, a IgA, a IgD, a IgE, a IgG e a IgM, e apresentam diferentes funções e encontram-se em diferentes locais:
A IgA pode encontrar-se no leite, saliva, lágrimas, secreções respiratórias e gástricas e no sangue mas em pequenas quantidades. A sua função é conferir protecção contra os agentes patogénicos nos locais de entrada do organismo, e no leite tem também a função de proteger o recém-nascido de infecções.

- A IgD pode-se encontrar nos linfócitos B, nos plasmócitos e também em células de memória. A função da imunoglobulina D é estimular os linfócitos B a produzir outros tipos de anticorpos.

- A IgE localiza-se principalmente nos mastócitos que se encontram nos tecidos, como na saliva, no leite, nas lágrimas, nas secreções respiratórias e gástricas. Tem como função mediar a libertação de substâncias como a histamina, que podem desencadear reacções alérgicas, e lutar contra parasitoses.

- A IgG encontra-se sobretudo no plasma e na linfa intersticial, e costuma passar através da placenta da mãe para o feto. Este tipo de imunoglobulina têm como funcionalidade conferir protecção contra bactérias, vírus e toxinas, e normalmente actua depois da IgM.

- A IgM pode ser encontrada no plasma. A imunoglobulina M é um dos primeiros anticorpos a actuar quando surge um antigénio no organismo. É constituído por cinco unidades que o tornam muito eficaz no combate inicial aos organismos estranhos. É também bastante eficiente na aglutinação, e a sua presença indica a ocorrência de uma infecção.

Os antigénios possuem várias regiões que são capazes de ser reconhecidas pelo organismo. As zonas de um antigénio onde se podem ligar os anticorpos designam-se por determinantes antigénicos ou epítopos. Assim, os antigénios podem-se ligar a diferentes tipos de anticorpos, e o número de ligações que pode estabelecer é igual ao número de epítopos que possui.
Quando as imunoglobulinas se ligam aos antigénios, formam um complexo antigénio-anticorpo, que desencadeia vários processos que levam à destruição dos corpos estranhos que invadiram o organismo. Estes processos desencadeados são inicialmente desenvolvidos na resposta não-especifica e são agora mais intensificados e mais específicos durante a resposta imunitária específica.
O processo de inactivação dos antigénios resulta de um conjunto de processos que ocorrem em cinco fases, neutralização, aglutinação, precipitação de antigénios solúveis, activação do sistema do complemento e estimulação da fagocitose:

Durante neutralização directa de bactérias e vírus os anticorpos ligam-se ao antigénio e neutralizam-no. Isto acontece porque os anticorpos ligam-se a moléculas que permitem a infecção das células pelos vírus, assim, com a ligação dos anticorpos a estas moléculas, torna-se impossível a actuação dos vírus nas células. A actuação dos anticorpos nas bactérias processa-se de modo diferente, pois neste caso os anticorpos cobrem toda a sua superfície, até que estas sejam eliminadas por células fagocitárias.



Na fase de aglutinação, também designada por opsonização, os anticorpos unem-se a epítopos dos antigénios, formando assim grandes complexos que são rapidamente fagocitados por macrófagos.



De seguida verifica-se a precipitação de antigénios solúveis, que é um processo semelhante à aglutinação. No entanto, realiza-se com moléculas que se encontram dissolvidas nos processos corporais, como as toxinas. Os anticorpos ao actuarem formam complexos insolúveis que serão removidos por células fagocitárias.

Na fase de activação do sistema complemento, o complexo anteriormente formado, antigénio-anticorpo, é activada a primeira proteína do complemento, o que inicia um conjunto de reacções sucessivas de activação. Algumas das proteínas pertencentes a este complemento produzem poros nas superfícies das membranas das bactérias, o que leva à lise das membranas. Existem também outras proteínas que levam ao desenvolvimento de outros processos, como a vasodilatação e a quimiotaxia, processos já falados nos métodos de defesa não-específicos.

Por fim, na última fase ocorre a estimulação da fagocitose, em que os macrófagos, uma vez que possuem receptores que reconhecem os anticorpos, (sobretudo a IgG), que se encontram ligados aos antigénios, e são estimulados a realizar a fagocitose.

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